UNIDADE 4: REVOLUÇÕES
NA AMÉRICA E NA EUROPA (pág. 90)
Ler introdução:
A luta dos direitos humanos
Tema 1 – A era da Ilustração
A Europa do Antigo Regime
Por volta do séc. XVIII os grupos dominantes
na Europa eram o clero e a nobreza que usufruíam de diversos
privilégios, entre eles a isenção de muitos impostos e o direito de ocupar
cargos públicos. O restante da população, formado por camponeses, trabalhadores
urbanos, burgueses e desocupados, arcavam com o peso de todos os impostos.
Nessa época a sociedade era estamental, ou
seja, a origem ou o nascimento de cada indivíduo é que determinava sua posição na
sociedade. Assim, mesmo quem conseguisse enriquecer, não conseguiria os mesmos
privilégios que os nobres. Ver gravura da pág. 92
A reação iluminista
Surgiu nessa época um movimento em reação ao
Antigo Regime (reis absolutistas e privilégios do clero e da nobreza) chamado
de Iluminismo ou Ilustração. Os intelectuais que participaram desse movimento
criticavam duramente a influência da Igreja, os privilégios da nobreza, a
servidão no campo e a censura, que colocavam a Europa num período de trevas.
Para eles, a razão seria uma maneira de colocar a sociedade no caminho da luz, acabando com a ignorância.
Não tenha medo de usar o intelecto!
Os iluministas defendiam a educação do povo e
a liberdade religiosa, pois, segundo eles, ao usar o pensamento racional, as
pessoas se distanciariam do misticismo e das superstições que os mantinham na
ignorância.
Os mais importantes pensadores iluministas
foram:
Diderot e D’Alembert: escreveram uma obra
chamada Enciclopédia, que reunia todo o saber da época.
Voltaire: escreveu Cartas Inglesas, com
críticas ao absolutismo, defendiam a liberdade religiosa e a defesa da
liberdade de expressão.
Montesquieu: escreveu O Espírito das Leis, sugerindo
a criação dos três poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário, diminuindo o
poder dos reis).
Rousseau: escreveu o “Discurso sobre a origem
e os fundamentos da desigualdade entre os homens”, também criticando o poder
absolutista e defendendo a ideia de que os governantes deveriam se submeter à
vontade do povo.
Adam Smith e David Ricardo: escreveram obras criticando o mercantilismo e defendendo o liberalismo econômico.
O mercantilismo
Mercantilismo era a prática econômica onde os governos
absolutistas intervinham na economia, buscando o enriquecimento do reino.
Algumas dessas práticas mercantilistas eram: a balança comercial favorável
(exportar mais e importar menos), acumulação de metais preciosos e criação de
monopólios (exclusividade de compra ou venda).
O liberalismo econômico
Ao contrário do mercantilismo, a proposta do
liberalismo defendido por Adam Smith tinha por lema o “laissez faire, laissez
passer”, ou seja, deixai fazer, deixai passar, numa referência à ideia de que o
mercado deveria ser orientado pela lei da oferta e da procura, sem interferência do Estado. Além disso,
defendia também que o trabalho deveria ser a verdadeira fonte geradora de
riqueza, contrapondo-se à visão de que a riqueza de uma nação deveria ser
medida pelo acúmulo de metais preciosos.
O despotismo esclarecido
Alguns monarcas se aproximaram desse
pensamento iluminista e tentaram modernizar seus Estados, mesmo sem abrir mão
de seu poder absolutista. Foram chamados, por isso, de déspotas esclarecidos, o
que significa “aquele que governa de forma absoluta e arbitrária, mas tenta
promover reformas e tornar a administração do reino mais eficiente, preservando
a ordem social.”
Luzes na educação
No Antigo Regime, o ensino estava sob o
controle da Igreja. Os iluministas, porém, discordavam dessa influência e
propunha uma educação laica, ou seja, independente da religião, dirigida pelo
Estado, ou seja, deveria ser gratuita e oferecida a toda à população, além de
ser orientada para o estudo das ciências, preparando os alunos para o trabalho.
Ver gravuras das
pág. 94 e 95.
Tema 2 – A
independência dos Estados Unidos
O
primeiro movimento político inspirado pelos ideais iluministas foi a
independência dos Estados Unidos. Vejamos:
As
treze colônias da América do Norte pertencentes à Inglaterra, durante mais de
cem anos, não tiveram um controle rigoroso por parte de sua metrópole, tal como
aconteceu com as colônias de Portugal e Espanha. No entanto, a partir do séc.
XVII algumas decisões inglesas não foram bem recebidas pelos colonos
americanos, iniciando com as Leis de
Comércio e Navegação, que interferia no comércio marítimo das colônias.
Essas leis foram recusadas pelos colonos.
Já
no séc. XVIII aconteceu a Guerra dos Sete Anos, entre França e Inglaterra.
Embora esta última tenha vencido a guerra, os ingleses obviamente tiveram suas
finanças arruinadas pelos gastos militares, fazendo com que buscassem arrecadar
tributos de suas colônias para compensar essa crise econômica.
As
medidas aprovadas pelo Parlamento britânico para atingir esse objetivo, foram:
1.
Lei da Receita, também conhecida por
Lei do Açúcar (1764): tarifas
alfandegárias sobre diversos produtos importados, tais como melaço, vinho,
café, seda e linho.
2.
Lei do Selo (1765): tributo sobre os
documentos legais, textos impressos (jornais, panfletos, etc.), que deveriam
exibir um selo real, mediante o pagamento de uma taxa.
3.
Lei do Chá (1773): criou o monopólio
do comércio de chá, autorizando apenas a Companhia das Índias Orientais
distribuir o produto nas colônias.
Reação
dos colonos: disfarçados de índios lançaram ao mar o carregamento de chá de
três navios ingleses. Esse fato ficou conhecido como Boston Tea Party (Festa do Chá de Boston).
O
governo inglês logo reagiu e decretou algumas leis que os colonos chamaram de Leis Intoleráveis. Foram elas:
fechamento do porto de Boston enquanto os colonos não pagassem o prejuízo;
ocupação da colônia de Massachusetts por tropas inglesas; controle militar das
terras a oeste das treze colônias.
Indignados,
os colonos reuniram-se no Primeiro Congresso Continental da Filadélfia (1774),
que determinou o boicote aos produtos ingleses.
A Declaração de
Independência
Em
março de 1775, começou a guerra de independência e em maio desse mesmo ano, os
colonos se reuniram no Segundo Congresso e decidiram romper com a metrópole
(Inglaterra) redigindo a Declaração de Independência, aprovada em 04/07/1776.
Inspirado
nos ideais iluministas, esse documento previa:
.
Igualdade entre os homens.
.
Direito à vida, à liberdade e à busca da felicidade.
.
Mudança de governo toda vez esses objetivos não forem alcançados.
.
Independência das colônias como Estados livres.
Assim,
na Batalha de Yorktown, ajudados pelos franceses, espanhóis e holandeses, os
norte-americanos derrotaram as tropas inglesas.
Dois
anos depois, a Inglaterra reconheceu a independência de suas antigas colônias e
assinou um documento, chamado de Tratado de Versalhes. Esse nome deve-se ao
fato que o documento foi assinado em Versalhes, na França.
O significado da independência
Os
Estados Unidos foram o primeiro país a se tornar independente na América,
implantando uma nova organização política, a república moderna, na qual as
decisões dos cidadãos eram soberanas para conduzir a nação.
Mas
atenção, nem todo norte-americano era considerado cidadão, já que a escravidão
africana foi mantida, os indígenas continuaram sendo expulsos de suas terras e
as mulheres não tinham direito ao voto. Assim, essa parcela da população não
tinha direito à participação política.
Atividade: De
olho no presente (pág. 98)
Atividade: Um
problema (pág. 99)
Tarefa: pág. 100
Tema 3: A França antes
da Revolução
No
final do séc. XVIII (1780) a população francesa, na época de +ou- 25 milhões de
habitantes, dividia-se em três ordens ou estados: o primeiro estado (clero), o
segundo estado (nobreza) e o terceiro estado (burguesia e camadas populares).
Nessa
época, a França vivia uma grave crise econômica, consequência da alta de preços
dos cereais (após safras agrícolas ruins), da fome e da queda de arrecadação de
impostos.
Pretendendo
contornar a crise, o governo tentou fazer uma reforma fiscal, acabando com os
privilégios do primeiro e do segundo estados.
O
rei Luís XVI convocou, então, uma assembleia com representantes dos três
estados, chamada Estados Gerais,
porém, como o voto era por estado e não individualmente, os interesses do clero
e da nobreza sempre prevaleciam, numa tentativa de fazer o terceiro estado
arcar com mais impostos. (ver pirâmide social pág. 103)
Tema 4: O início da revolução
A
desvantagem dos votos fez com que a burguesia liderasse o terceiro estado,
fazendo com que seus representantes se retirassem da reunião dos três estados e
proclamassem a assembleia nacional permanente que depois se transformou em Assembleia Nacional Constituinte.
Por
outro lado, a fome e a cobrança de impostos que a população de Paris
enfrentava, fez com que houvesse rebeliões, saques e a invasão da Bastilha (prisão militar), dando início
à Revolução Francesa.
Monarquia
Constitucional
Em
1789 a Assembleia Constituinte aprovou a Declaração
dos Direitos do Homem e do Cidadão
(igualdade de todos perante a lei, direito à liberdade de expressão e à
propriedade privada) e em 1891, aprovou uma constituição para a França, na qual o poder ficava dividido em
Executivo, Legislativo e Judiciário.
Nasce
a República Francesa
Em
abril de 1792, a Áustria e a Prússia unem-se ao rei francês Luís XVI e declaram
guerra à França, tentando restaurar o antigo regime (monarquia absolutista). Em
agosto do mesmo ano, o rei foi preso pelos suns culotes (grupo radical que
defendia a república). Forma-se uma nova assembleia, chamada Convenção Nacional e, finalmente, após
os invasores serem derrotados, a República
é proclamada.
Divisão
política na França revolucionária
Jacobinos:
era o grupo de “esquerda”, mais radical, composto pela pequena
burguesia e classe média de Paris. Defendiam uma sociedade igualitária e tinham
por principal líder, Robespierre.
Girondinos:
era o grupo de republicanos moderados
e representavam a grande burguesia comercial.
Planície ou Pântano:
era o grupo do “centro”, mais moderados, representavam um grande
número de pessoas. Tinham posições políticas vacilantes.
Cordeliers:
nome que significa “franciscanos”, era um grupo ligado aos sans-culottes (ver
referência na pág. 106), defendiam a reforma
agrária. Eram liderados por Danton e
Marat.
Monarquistas
constitucionais: grupo de “direita”, mais moderado, defendia a monarquia e não queria grandes
reformas.
Tema 5: Do Terror à
reação termidoriana (pág. 108)
A
Convenção Nacional
Jacobinos
e girondinos discordam politicamente durante o período republicano em que a
França foi governada pela Convenção Nacional (1792 e 1795).
Acusado
de traição, o rei Luís XVI é executado na guilhotina, provocando reação de
países que defendiam a monarquia absolutista.
Os
jacobinos no poder
Por
divergências entre os dois grupos, após os jacobinos terem expulsado os
girondinos da Convenção e aprisionado seus líderes, foi criado o Comitê da
Salvação Pública, responsável pela segurança interna da França.
O
Terror
O
líder jacobino Robespierre prende e executa os contrarrevolucionários,
instaurando o período do Terror (300
mil presos e 17 mil executados).
Os
jacobinos confiscaram terras da nobreza e as distribuíram para camponeses
pobres e aboliram a escravidão nas colônias francesas.
Em
1794, o próprio líder dos jacobinos Robespierre é executado, acusado de tirania
e os girondinos assumem o poder.
A
reação termidoriana
Assustados
com a radicalidade dos jacobinos, os girondinos os expulsam da Convenção no
golpe de 9 de Termidor (data do novo
calendário da revolução), prendem e executam seus líderes, inclusive
Robespierre.
Do
Diretório ao 18 Brumário
Em
1795, a França passa a ser governada por cinco diretores (Diretório), atendendo aos interesses da burguesia (voto censitário e liberdade econômica) e
apoiam o general Napoleão Bonaparte
que assume o governo, passando o Diretório a ser um Consulado.
Palavras
da revolução
Leitura do texto “Palavras da Revolução”, pág. 111
Símbolos
da revolução
Os
símbolos utilizados pelos franceses para representar a Revolução Francesa
foram: a tomada da Bastilha, o barrete frígio (gorro vermelho), a bandeira tricolor e a Marselhesa (hino nacional). Além disso,
foram criados também unidades de medida que hoje são adotadas em muitos países
(metro e quilograma).
Tarefa: pág. 112
Em foco: pág.
114 à 117