UNIDADE 6: A INDEPENDÊNCIA
DO BRASIL E O PRIMEIRO REINADO
Tema 1: O Brasil sob as
regras do pacto colonial
Como
colônia de Portugal, o Brasil tinha que submeter-se às regras comerciais
daquele país. Chamadas de Pacto Colonial
Português, as regras eram rígidas: o Brasil só podia comprar produtos de Portugal
e só podia vender para comerciantes portugueses, ou seja,
existia um monopólio comercial entre Brasil e Portugal.
A
fiscalização portuguesa se fazia presente, principalmente na região das minas,
com relação à extração de ouro e diamantes.
Na
metade do séc. XVIII, Portugal vivenciava uma crise econômica e dependia da
Inglaterra, de compra comprava os produtos manufaturados.
Para
o ministro de Estado dos Negócios da Marinha, o Marquês de Pombal, Portugal deveria cada vez mais beneficiar-se da
exploração de sua colônia americana, o Brasil.
Assim,
adotou as seguintes medidas:
·
Cobrança
de, no mínimo, 100 arrobas anuais de
ouro, o equivalente a +ou- 1500 kg.
·
Criação
de companhias de comércio que
detinham o monopólio comercial com a colônia.
·
Transferência da capital de Salvador para o Rio de Janeiro.
No
período pombalino houve o aumento da produção agrícola e de pecuária e
enriquecimento da produtores rurais.
Criou-se,
também, a Real Mesa Censória, órgão
de censura de livros e a proibição da língua tupi, permanecendo apenas o idioma
português.
Mesmo
assim, a crise do domínio colonial cada vez mais se acentuava com o aumento do
contrabando de produtos estrangeiros, principalmente ingleses.
Em
1785, a rainha D. Maria I, proibiu as
manufaturas de tecido no Brasil,
mandando fechar as que já existiam.
Tema 2: A crise do
antigo sistema colonial
O
ouro na região das minas estava se esgotando e o pagamento de impostos começou
a atrasar. O governo português, no entanto, suspeitava de sonegação e
contrabando.
Em
1788, o governador de Minas Gerais, Antonio Furtado de Mendonça, visconde de
Barbacena, foi encarregado de investigar o contrabando na região e exigir a
cobrança dos impostos atrasados. Essa cobrança era chamada de “derrama”.
A Conjuração Mineira
Membros
da elite econômica e cultural da região passaram a se reunir em Vila Rica, com o objetivo de planejar
um movimento contra o domínio colonial. Ao que tudo indica, não havia intenção de libertar escravos
e estender a independência para toda a América portuguesa.
Os
conspiradores pretendiam proclamar
uma república em Minas Gerais,
fundar uma universidade em Vila
Rica, desenvolver manufaturas
(têxteis e siderurgia), além de não
pagar as dívidas com a Fazenda Real.
A
intenção dos conspiradores era proceder a um levante no dia da derrama, mas
foram denunciados por um deles, chamado Joaquim
Silvério dos Reis, em troca do perdão de suas dívidas.
Todos
os conspiradores foram presos, entre eles o alferes Joaquim José da Silva Xavier, conhecido como Tiradentes.
Durante
dois anos ocorreu o processo onde os réus eram acusados de inconfidência, o que
significa “falta de fidelidade ao rei”.
Muitos
deles livraram-se das acusações, outros foram exilados e somente Tiradentes foi condenado à morte, enforcado e esquartejado. Ver gravura pág. 153
A Conjuração Baiana
Em
1790 a Bahia ampliou o cultivo da
cana-de-açúcar e reduziu as plantações de gêneros alimentícios, provocando a
alta dos preços e fome entre a população.
Nesse
contexto, reuniram-se pequenos comerciantes, soldados, artesãos, alfaiates,
negros libertos, mulatos e escravos, além de alguns poucos homens brancos mais
ricos, num movimento revolucionário.
Delatados,
foram presos e quatro líderes foram condenados à morte, em 1799.
Tema 3: O Brasil se
torna sede do Reino de Portugal
A vinda da família real
para o Brasil
Com
a desobediência ao Bloqueio Continental decretado por Napoleão, o governo
português viu-se ameaçado com a invasão de Portugal pelas tropas francesas.
A
estratégia foi a transferência da corte
para o Brasil. Assim, em novembro de 1807, a família real e mais dez mil
pessoas aproximadamente embarcaram no porto de Belém, em Lisboa, escoltados pela esquadra inglesa. Junto
vieram jóias, louças, mapas, arquivos oficiais e moedas.
Em
janeiro de 1808 D. João, príncipe regente de Portugal chegou em Salvador,
antiga capital da Colônia. Logo em seguida assinou o decreto de abertura dos portos brasileiros ao comércio com as nações
amigas. Dois anos depois D. João assinou o Tratado de Comércio e Navegação, privilegiando a Inglaterra com
tarifas menores em seus produtos.
De colônia a Reino Unido
De
Salvador, o navio de D.João partiu para o Rio de Janeiro, onde a família real
foi recebida com festas. Começava, no Brasil, uma nova fase política, econômica
e cultural, que culminou com a independência em 1822.
Em
1815, o Brasil tornou-se Reino Unido a
Portugal e Algarves, deixando de ser uma colônia.
Inovações na cidade da
corte
As
principais criações de D. João nesse período foram:
1808
– Imprensa Régia, Banco do Brasil e Jardim Botânico
1810
– Real Biblioteca
1813
– Real Teatro de São João
Em
1816 chegaram ao Brasil diversos pintores franceses (Taunay e Debret) e
cientistas austríacos.
A interiorização da metrópole
Ao
transferir o eixo econômico de Portugal para o Brasil, iniciou-se um período de
divergências internas entre o Nordeste e o Centro-Sul, principal área econômica
do reino.
Tarefa: pág. 158
Ler o texto
“D.João VI: rei de Portugal e do Brasil” para entender porque D.João, príncipe
regente, passou a ser D.João VI, rei de Portugal e do Brasil, em 1816.
Tema
4: A independência do Brasil
Uma rebelião no Nordeste
Assim
como na região de Minas Gerais, o Nordeste
também enfrentou uma grave crise econômica em função do declínio do comércio do
açúcar e do descontentamento com os portugueses que controlavam a economia
brasileira.
Em
1817, uniram-se padres, artesãos, militares, juízes, proprietários de terras,
entre outros grupos, e proclamaram a república
em Recife, abrangendo a Paraíba, Rio Grande do Norte e Alagoas.
O
movimento, conhecido como Revolução
Pernambucana, foi duramente reprimido pelo governo do Rio de Janeiro com a
prisão e condenação à morte dos líderes.
A volta de D.João VI a
Portugal
Portugal
vivia uma grave crise econômica e política em 1820. Depois de expulsar os
franceses, os portugueses se rebelaram exigindo a volta de D.João VI e a
elaboração de uma Constituição liberal
para o país. Foi a chamada Revolução
Liberal.
Pretendiam,
também, recolonizar o Brasil, restringindo a liberdade comercial conseguida
após a abertura dos portos às nações amigas.
Pressionado,
D.João VI retornou a Portugal, mas deixou no Brasil seu filho D.Pedro como
príncipe regente.
D. Pedro e as elites
Para
a maior parte da elite brasileira, na maioria proprietários de terras, seria
conveniente uma monarquia dual, ou seja, D.João VI governaria Portugal e
D.Pedro seria o governante do Brasil, garantindo que não houvesse uma mobilização
pela independência e as liberdades conquistadas desde 1808 continuassem.
Porém,
a Corte Portuguesa não aceitou essa ideia e exigiu o retorno de D. Pedro a
Portugal, que não aceitou essa imposição e, no dia 09 de janeiro de 1822,
decidiu permanecer no Brasil. Essa decisão ficou conhecida como o “Dia do Fico”. Frase atribuída a
D.Pedro: “Se for para o bem de todos e
felicidade geral da Nação, digo ao povo que fico.”
A
partir daí, a pressão portuguesa aumentou, até que a corte reduziu o poder de
D.Pedro no Brasil.
A
receber a mensagem de Portugal, no dia 07
de setembro de 1822, D.Pedro estava a caminho de São Paulo. Resolveu,
então, romper com Portugal e proclamar a independência
do Brasil.
Transformou
o Brasil num país monárquico, em que
ele seria o imperador.
Na
época, o fato só foi comemorado por parte da aristocracia rural, pois a maioria
da população nem ao menos ficou sabendo da decisão de D.Pedro. Apenas em 1826,
quatro anos depois, é que a data começou a ser celebrada.
Detalhe
importante: mesmo após a independência, o Brasil continuou a ser uma nação escravista.
Tema 5: O Primeiro
Reinado (1822 a 1831)
Nem
todas as províncias acataram a decisão de D.Pedro I. Houve confronto no Pará,
Maranhão, Piauí, Ceará, Bahia e na Província Cisplatina (atual Uruguai).
Muitas
pessoas morreram em vários episódios de resistência e as tropas de D.Pedro I,
ajudadas pelo exército inglês, levou a melhor. Isso significa que nossa independência não foi pacífica,
como a historiografia tradicional afirmava.
O reconhecimento
internacional
Em
1824 os Estados Unidos reconheceram a independência do Brasil e, em 1824,
Portugal assinou o Tratado de Paz e
Aliança em que o Brasil se comprometia a indenizar a antiga metrópole com a
quantia de dois milhões de libras esterlinas, elevada quantia para a época,
valor esse que Portugal devia para a Inglaterra.
Assim,
Portugal reconheceu o Brasil como um Estado independente. Logo depois, a
Inglaterra, a França, a Áustria e outros países também reconheceram a
independência do Brasil.
A Assembleia Constituinte
de 1823
Após
a independência foi convocada uma assembleia com o objetivo de elaborar a
Constituição do Brasil.
No
entanto, o grupo dos constituintes dividiu-se em partidários e adversários do
imperador. Os partidários pretendiam a centralização do poder, mas os
adversários não concordavam e queriam um poder limitado para o imperador.
Com
essas divergências, D. Pedro I resolveu dissolver (encerrar) a Assembleia
(nov./1823) na chamada Noite da Agonia.
A Constituição de 1824
Após
a dissolução da Assembleia, D. Pedro I mandou providenciar uma constituição
para o Brasil, que foi outorgada
(cedida) por ele em 1824.
Essa
constituição que, na verdade, foi imposta aos brasileiros, centralizava o poder
nas mãos do Imperador através do Poder
Moderador, que estava acima do Legislativo,
Executivo e do Judiciário, ou seja, o Imperador podia
intervir nos três poderes.
Principais
resoluções:
·
Manutenção
do direito de propriedade, escravos e bens.
·
Catolicismo
como religião oficial.
·
Voto
indireto e censitário.
A Confederação do Equador
Foi
um movimento em represália ao governo pela centralização do poder, concedida ao
Imperador pela Constituição de 1824.
Lideranças
de Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará e Paraíba se uniram com a intenção de
formar uma república independente, mas foram violentamente reprimidos com
prisão e condenação à morte de nove deles, inclusive o Frei Caneca, que foi
morto a tiros, após o carrasco se recusar a executá-lo na forca.
Tema 6: O fim do
Primeiro Reinado
A crise na Província
Cisplatina
Durante
o governo de D. João VI, o atual Uruguai
foi anexado ao Brasil com o nome de Província
Cisplatina. No governo de D. Pedro I, rebeldes da Província romperam com o
Brasil e criaram a República do Uruguai.
Como
em toda guerra, ambos os lados tiveram perdas humanas e financeiras.
A crise política
O
governo de D.Pedro I não ia bem, pois os políticos brasileiros não viam com
bons olhos sua aproximação com o Partido Português, desconfiando que havia uma
intenção do imperador de recolonizar
o Brasil.
Em
março de 1831, D. Pedro I foi hostilizado em uma viagem que fez a Minas Gerais.
Ao retornar ao Rio de Janeiro, os portugueses promoveram uma festa para
recepcioná-lo, que terminou num confronto com os brasileiros nas ruas da cidade.
Esse confronto durou três dias e ficou conhecido como a Noite das Garrafadas.
A abdicação de D. Pedro I
As
manifestações de protesto continuaram e no dia 07 de abril de 1831, D. Pedro I
abdicou do trono do Brasil e retornou a Portugal, deixando a Coroa para seu
filho, o brasileiro Pedro de Alcântara, na ocasião com 5 anos de idade.
Esse
ato significou a ruptura definitiva do Brasil com Portugal.
Ler o texto “Um problema”,
pág. 167.
Observar a cronologia do
processo de independência (pág.166 e 167)
Tarefa: pág. 168 (1 a 4)
Curiosidades:
Nome completo de D. Pedro I :
Pedro de Alcântara Francisco António João Carlos
Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de
Bragança e Bourbon.
Nome completo de D. Pedro II:
Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador
Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de
Bragança e Habsburgo.
Transcrição da carta de despedida de D. Pedro I
para seu filho Pedro de Alcântara, na ocasião com 5 anos de idade. Observem que
a carta foi escrita a bordo da Nau (navio) Warspite, quando ele navegava de
volta para Portugal, após sua abdicação, em 07/04/1831. O jovem Pedro de
Alcântara nunca mais viu seu pai, que faleceu em sua cidade natal
Queluz/Portugal, em 24 de setembro de 1834, aos 36 anos de idade.
“Meu querido filho, e meu imperador. Muito lhe
agradeço a carta que me escreveu, eu mal a pude ler porque as lágrimas eram
tantas que me impediam a ver; agora que me acho, apesar de tudo, um pouco mais descansado,
faço esta para lhe agradecer a sua, e para certificar-lhe que enquanto vida
tiver as saudades jamais se extinguirão em meu dilacerado coração. Deixar
filhos, pátria e amigos, não pode haver maior sacrifício; mas levar a honra
ilibada, não pode haver maior glória. Lembre-se sempre de seu pai,
ame a sua e a minha pátria, siga os conselhos que lhe derem aqueles que
cuidarem na sua educação, e conte que o mundo o há de admirar, e que me hei de
encher de ufania por ter um filho digno da pátria. Eu me retiro para a Europa:
assim é necessário para que o Brasil sossegue, o que Deus permita, e possa para o futuro chegar
àquele grau de prosperidade de que é capaz. Adeus, meu amado filho, receba a
benção de seu pai que se retira saudoso e sem mais esperanças de o ver.”
D. Pedro de Alcântara
Bordo da
Nau Warspite, 12 de abril de 1831
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